terça-feira, 28 de maio de 2013
iâmbica e mais detalhes
Bom, vamos retomar ideias dos poetas iâmbicos, acrescentar mais coisas e fazer algumas relações. Como vimos, Arquíloco foi o inventor do gênero iâmbico, quando tomado pela raiva faz uma poesia agressiva contra Licambes, que rompeu o pacto em que daria a mão de sua filha Neobula em casamento. Hipônax se assemelha a ele, já que faz uma invectiva contra Búpalo, um escultor que o retrata mesmo contra sua vontade. Os dois se assemelham no propósito da poesia, que é a morte e difamação do adversário, porém, Arquíloco faz a poesia contra um homem comum, um pai de família, e Hipoônax fala contra um artista: aqui, tem-se uma ideia de metapoética, porque é a arte falando da arte. Hipônax, por falar de arte, e também por ser o inventor da paródia (que rebaixa um gênero, matéria, pessoa, etc) é caro aos helenísticos, que passam a tomá-lo como um modelo. Os helenísticos se enxergam em Hipônax, como se ele fosse um deles, só que num tempo anterior. Tanto que o caracterizam caracterizam como "poeta bebedor de água", porque domina a técnica, não é inspirado pela Musa, não "sai de si" como poetas igual Homero, que é "bebedor de vinho". No helenismo, o "rebaixamento" também é forte característica, já que na própria Eneida, canto IV, há uma mistura grande de poetas e gêneros como o epigrama, trágico, mélico. Apolônio de Rodes, nas Argonáuticas (epopeia de quatro cantos) dedicou um canto para cantar o amor de Jasão e Media. É o intuito de fazer uma poesia menor, mais leve, breve. Calímaco, que é um poeta helenístico escreveu que "um grande livro é um grande mal" que traz duas ideias importantes: a composição, a ideia de escrever em livros presente no helenismo, e a ideia de não escrever um livro grande, extenso. Ele próprio escreveu um livro de iambos. Diferente de Arquíloco e Hipônax, seus poemas foram organizados por ele próprio em forma de livro: o poeta tem controle editorial (assim como na Eneida, em que o fim do canto III coincide com a noite, e o início do canto IV com o dia. O fim do dia coincide com o fim do canto). Calímaco, por ser helenístico, tem como modelo maior Hipônax. Porém, no 2º iambo de seu livro, ele usa a ideia de fábula presente nos iambos de Arquíloco, a ideia de comparar os animais às pessoas por causa de determinadas características. Calímaco, ainda usa em seu livro epinícios, poemas etiológicos, trazendo uma ideia de mistura de gêneros, típica do helenismo. E apesar de ter Hipônax como modelo maior, ao fazer invectivas, ele não é tão duro. Tanto que em seu primeiro iambo, em que há a "ressuscitação de Hipônax", diz que "não canta a luta contra Búpalo", ou seja: não levará seu inimigo à morte, é mais doce (assim como no helenismo há um espaço maior pro amor na épica, tentando assim deixar a poesia mais leve). Logo no primeiro iambo ele anuncia sua intenção, que é evidenciada ao longo do livro: começa com invectiva, passa para conselho, depois passa para um louvor oblíquo, e depois para um louvor propriamente dito. No fim de seu livro, ele prevê futuras críticas em relação à mistura de gêneros que faz, e se defende no iambo 13, dizendo que apenas emula, que sua composição é uma imitação da de Íon (que compôs tragédia, comédia, elegia, mélica), mostrando assim que é um poeta versátil, que transforma qualquer matéria em poesia. Assim como os helenísticos faziam poesia sobre astros, agricultura, para mostrar que poeta de verdade não é aquele que escreve sobre temas poéticos, mas que transforma os não poéticos em poesia.
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