Agora sim vamos entrar mais fundo na poesia iâmbica.
T1) "E falava cem lídio: 'venha até aqui
E como convém a um pederasta na bunda um ferrolho enfia'
e o meu saco
com um ramo de figueira golpeou, como a um pharmakós
em dois bastões
em sofrimentos redobrados
o ramo de figueira que do outro lado me raspava"
comentário: Bom, aqui, temos um ritual feito a um pharmakós. O que é isso? O pharmakós é como se fosse "a pessoa mais viciosa da comunidade", a pessoa mais indesejada e tudo mais. Então, ele teve um ferrolho enfiado no ânus, teve o pênis golpeado por ramo de figueira, depois mais um ferrolho foi introduzido no ânus. Porque para eles, o pharmakós deveria sofrer por cometer tantos vícios.
T2) "Erótia trouxe um pênis ereto de couro, que ela, logo que lambuzou com azeite, um pouco de pimenta e semente triturada de urtiga, lentamente introduziu em meu ânus.
Depois, a crudelíssima velha cobriu minhas coxas com esse líquido [...]
Ela misturou suco de mastruz com absinto e, depois de verter essa mistura sobre meus órgãos genitais, apanhou um feixe de urtiga verde e castigou vagarosamente todas as partes do umbigo para baixo"
comentário: não sei se é necessário falar sobre o tema sexual, já que está explícito, nem sei se é necessário falar algo, mas tudo bem. Esse ritual (acredite se quiser), é para recuperar a virilidade. Acho que só isso era necessário comentar...dá pra perceber a violência desse ritual, ele mesmo diz que ela "castigou as partes do umbigo pra baixo". É isso então.
T3) "Pela onda extravidado
e em Salmidesso, nu,
na mais negra noite os trácios tufocomados
o peguem e aí se farte de muitos males
o pão escravo comendo
hirto e frio e do fluxo marinho
muitas algas lhe escorram
lhe batam os dentes como um cão sobre a boca
caído e extenuado
à beira d'agua vomitando a onda.
Isso eu queria ver,
que ele me ofendeu, aos pés calcou as juras,
ele que antes era amigo"
comentário: Aqui, vemos aquela raiva feroz que já vimos antes, lembra? Aquela mesma raiva de Dido por Enéias, que faz a pessoa fazer uma imprecação (jogar uma praga). Esse poema é feito pra um amigo que rompeu um juramento. A pessoa está desejando que não só ele naufrague...mas que naufrague numa noite escura, para não ver nada, sentir medo, e quer que esteja nu. Quer se seja feito de escravo, e que engula muita água, e quando chegar à praia, vomite toda água que engoliu.
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