sexta-feira, 17 de maio de 2013

Iâmbica

T1)   "Segurai meu manto, vou socar o olho de Búpalo,
          pois sou ambidestro, e ao socar, não erro."

comentário: de novo, Búpalo aparece. Aqui é mais um trechinho mesmo... Hipônax quer dizer que não adianta Búpalo fugir, que se ele fugir da mão direita/esquerda, ele bate com a outra, não tem problema.

T2)   "Por Zeus, se um de nós tivesse acertado suas mandíbulas duas ou
          três vezes, elas teriam perdido a voz, como Búpalo."

comentário: Esse trechinho faz parte da Lisístrata, em que está acontecendo uma guerra, e as mulheres já estão fartas, então resolvem fazer greve de sexo. E assim fica. Quando os homens voltam pra casa, em determinado período de tempo, elas dizem que não farão nada enquanto a guerra não cessar. E aí tem a citação de Hipônax com o soco em Búpalo, dizendo que se um deles tivesse atacado uma das mulheres como Hipônax fez com o escultor, as mulheres logo desistiram dessa ideia.

T3) "Narra-me, Musa, o mar-Caribde, a faca no estômago
de Eurimedontíades, que come sem ordem, 
para que sofra funesto infortúnio por funesto voto,
por vontade popular, ao longo do litoral do mar estéril"

comentário: Esses versos foram escritos em hexâmetro datílico, que é o verso usado pra cantar os heróis, os grandes feitos. É o verso típico da epopeia (gênero elevado). Hipônax, é considerado o inventor da paródia, porque aqui, ele faz uma alusão à Odisseia quando diz "Narra-me Musa..."  já que é assim que a epopeia começa. Só que ele não usa essas palavras para cantar um feito heroico, e sim pra cantar um comilão. É como se ele rebaixasse o metro, e o gênero épico nesses versos, fazendo essa paródia.  Ele diz que o homem é tão voraz ao comer, que parece que possui facas no estômago, porque destroi a comida, da mesma forma que o mar Caribde destroi os barcos.

T4) "Aqui jaz o feitor-de-poema Hipônax.
Se és maligno, não venhas à tumba dele; 
se contudo, és correto e de honesta origem,
com coragem te senta, querendo, dorme."

comentário: esse é um epigrama tumular, feito por Teócrito. Sabe aquelas palavras que se escreve no túmulo, do tipo "Aqui jaz (alguém), pai amoroso e marido dedicado"? É isso. O epigrama é um poema feito geralmente em dístico elegíaco. Porém, Hipônax inventou um metro próprio, o coliambo. Então, esse epigrama foi feito nesse tipo de metro, como uma homenagem. Acho muito interessante, porque traz a ideia de que no túmulo de Hipônax havia muitas vespas (lembra que o poeta iâmbico era relacionado com o cachorro, mas com a vespa também, porque ela machuca, etc?) e que se alguém vicioso se aproximasse, seria ferido por elas. É como se o poeta continuasse julgando e castigando aqueles que são viciosos, mesmo depois de morto.

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