As pessoas diferem sobre o mesmo assunto, porque possuem acepções diferentes,
tem sentimentos diferentes
despertados por um mesmo objeto. E mesmo quando um objeto está estruturado para
destinar prazer, não se pode afirmar que o prazer será sentido de forma igual
em todas as pessoas. A beleza não existe em coisa alguma, quem as observa é que
lhe dá essa propriedade em diferentes níveis. Mas existem situações, em que a opinião é comum a todos, por exemplo:
ao comparar o Everest com um montinho de areia, não está mais em questão a
opinião particular do indivíduo, se trata de um fato: o Everest é mais alto.
Alguns textos, devido à estruturação, estão destinadas a agradar e outras, não.
Quando se verificar uma uniformidade completa nas opiniões dos homens, pode-se
ter uma ideia de perfeita beleza. Existem certas qualidades dos objetos que
estão destinadas a gerar determinados sentimentos, dependendo do grau em que
aparecem não são captadas pelo sentido. Quando existe uma percepção alta para
distinguir os ingredientes de composição, diz-se que existe uma delicadeza de gosto. Na expressão
poética, a linguagem se clarifica,
enriquece, se torna elástica e precisa.
Alguns possuem uma certa reputação,
que gera nos outros uma ideia de superioridade, conhecimento, e muitas vezes
sua opinião é levada em conta. Mas, quando o mau crítico não quer se submeter à
classificação de outra pessoa, ao mostrar-lhe os princípios e recursos usados
que não foram percebidos por seu sentido, ele reconhecerá, provavelmente, seu
defeito. A composição, os recursos, são importantes para classificar os textos.
A prova concreta, muitas vezes é muito mais convincente do que uma opinião, do
que a fala, porque aquela apresenta os fatos, não exige compatibilidade dos
interlocutores, nem nada emocional, são fatos. E para ter uma percepção melhor
desses ingredientes , nada melhor do que a experiência.
No começo, pode ser confuso e não legível, mas com o tempo perceberá as belezas
e defeitos de cada parte, fará aprovação ou censura. Com a experiência, tem-se
a capacidade de fazer comparações, conhecer níveis diversos de técnicas, e
melhor avaliar o valor de um objeto. O fazer poético, não deve ser visto como algo
árduo e trabalhoso, tedioso, mas também não deve ser considerado banal. O
fazer poético é "doce e útil". O poeta não deve ser colocado num pedestal,
mas não deve-se deixar de distingui-lo.
O crítico deve estar acima de qualquer tipo de preconceito porque ele se fecha
para sua opinião particular, não se coloca naquele ponto de vista suposto pela
obra. Uma obra deve ser classificada como mais ou menos perfeita de acordo com
a sua eficiência em atingir seu
objetivo. Só o bom senso ligado à
delicadeza do sentimento, aperfeiçoado pela prática e comparação, livre do
preconceito dá valiosa personalidade aos críticos. O poeta, ao analisar o
social, universal, precisa disciplinar seus mecanismos de raciocínio de forma
que se torne objetivo, imparcial, pois existe uma escala de valores e
julgamentos que não devem ser realizados sem um preparo especial. As pessoas preferem aquilo que se assemelhe
ao que vivem no momento,o que se assemelhe a inclinações pessoais (um garoto
apaixonado estará mais inclinado para textos de romances). Alem disso, agrada
mais ler sobre o que faz
parte do nosso tempo, ou que não é muito distante dele, coisas muito
distantes não proporcionam uma sensibilidade tao grande (aceitar costumes de
épocas muito antigas). Essas particularidades devem ser aceitas, quem ficar
chocado dará provas de falta de delicadeza e finura. O poeta melhora o leitor,
mas também melhora a si mesmo nesse processo, ele se liberta, se afirma,
concentra. É um processo ininterrupto de aperfeiçoamento.
A poesia age sobre o povo, como um comício, um discurso, Os lusíadas
contribuíram para o fortalecimento da nacionalidade portuguesa, a Divina
Comédia foi importante na luta do papado e as cidades livres da Itália. A
poesia testemunha a cidade, registra suas diversas fases de expansão, evolução.
A grande poesia contribui para criar um clima político, instigar mudança,
formulação de ideias, etc. Assim, para criar uma poesia que corresponde à
atualidade, um poeta precisa estar por dentro da sociologia, filosofia,
economia, história, etc. É um todo que justifica a parte. Há quem prefira
poesia passiva, embaladora, inofensiva. Porém, e poesia deve ser vista como uma
forma de explicitar o que ocorre ao nosso redor, e como uma forma alternativa e
diferente das pessoas entenderem a atualidade. Porque ao pesquisar sobre cada
elemento usado pelo poeta, o motivo daquele uso, a relação com a atualidade e a
história, a pessoa adquire conhecimento, e aos poucos forma um senso crítico
sobre aquilo que acontece.
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