quinta-feira, 16 de maio de 2013

Trechos da iâmbica

Ok... então hoje vamos voltar ao assunto da poesia iâmbica, com mais trechos, sexo, violência e tudo aquilo típico desse gênero.

T1)   "ai ai, ela está passada, tem o dobro da tua idade,
          a flor virginal murchou,
          e a graça que antes tinha;
          Pois a insaciabilidade não
         [...] revelou, a enfurecida mulher"


comentário :  1º - esse colchete que coloquei, não é censura não. É porque, como eu já disse, faz parte de uma parte não legível do poema.
Esse trecho mostra pra gente um lugar comum entre os poetas, que é o "retratar da velha", retratar a velha como viciosa, etc. Vemos uma mulher, que não se sacia sexualmente. Mas ao mesmo tempo, ela não desperta desejo, por ser flácida, enrugada, e tudo mais. E por não despertar desejo, e assim, não ter seu apetite sexual saciado, ela fica enfurecida.

T2)  Agora, vamos ver como Arquíloco era visto por outros poetas, em três trechos:

                                          "É preciso que eu
                                           evite a maledicência da mordida profunda.
                                          Pois vi, estando bem longe, o vituperador
                                         Arquíloco, na penúria, alegrando-se com ódios
                                        de palavras pesadas"

                                                                                         (Píndaro)

comentário: Píndaro ficou conhecido por seus epinícios. Era um poeta mélico, portanto. Faz um poesia de louvor. A "mordida" citada no segundo verso, é comum para se referir aos poetas iâmbicos, porque traz a ideia da mordida do cachorro. Esse "estando bem longe", não quer dizer que ele está observando Arquíloco de longe. Está se referindo ao tempo mesmo, eles são de épocas diferentes, Píndaro é posterior.  Ao dizer "na penúria", retoma-se aquela ideia da caracterização do poeta iâmbico como pobre, marginal.


                                    "Tinha do cão a amarga bile, o agudo aguilhão
                                    da vespa e, na boca, o veneno de ambos"
                                                                                               (Calímaco)

comentário: de novo, o poeta iâmbico é comparado ao cão. E também à vespa, que machuca, fere.


"Assim, segundo a opinião de Aristarco, dos três escritores de iambos em voga, só Arquíloco será de fato pertinente para a formação do orador. Nele há a maior força de elocução, não só as máximas são robustas mas também breves e vibrantes, dotadas de sangue e nervos, e o fato de parecer a alguns menor do que alguém é um vício da matéria e não do engenho"
                                                                                                                         (Quintiliano)


comentário:  Então... aqui, Arquíloco é tomado como um exemplo para o orador. Um exemplo para o orador que tem como objetivo atacar o adversário, falar com força, etc. Arquíloco é o exemplo para esse tipo de discurso, dotado de violência e raiva (sangue e nervos). É interessante o final dessa trecho, quando ele diz que é um vício da matéria e não do engenho...ou seja, Arquíloco não é menor por falar sobre matérias baixas como sexo, fezes, palavras baixas, etc. Ele é modelar falando sobre o que fala. A matéria que sobre a qual ele fala é baixa, mas ele é o melhor fazendo isso, ele é engenhoso.


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