quarta-feira, 8 de maio de 2013

Canto 4 da Eneida, Camões e relação com helenismo

Canto 4 da Eneida: pág 71

"Quanto à rainha, ferida de cega paixão desde muito, nutre nas veias a chaga e no oculto braseiro se fina, a revolver de contínuo na mente o valor do guerreiro, a alta linhagem do herói; no imo peito gravadas conserva suas palavras, o gesto. De tantos cuidados não dorme".

Essas passagens relembrar o poema de Camões: "Amor é ferida que dói e não se sente"    e   "É fogo que arde sem se ver". Retomamos aquela ideia de que os poetas se copiam, realizam a mimesis, para tentar superar s grandes autores. 

Cuidados remete à deia da poesia lírica, já falada anteriormente. Os cuidados são relacionados à poesia erótica. Aqui, dá pra perceber que a lírica ganha espaço no helenismo. 

Na pág 79, verso 305:  Dido chama Eneias de Pérfido. Pérfido significa "aquele que rompe a fides (confiança)". Ela rompe a característica dele de ser aquele que cumpre o dever. Aqui, Virgílio imita outro poeta: Catulo. Ele conta o abandono de Ariadne por Teseu,  ela também o chama de Pérfido.
Às vezes, a imitação se dá numa palavrinha, ou na posição de uma palavra. Por exemplo: tanto Dido quanto Ariadne dizem pérfido como a primeira palavra de sua frase. Então, são coisas muito sutis, que exigem, portanto, a leitura dos livros com atenção.

Pág 85: versos 582 e 583:
Aqui, é quando Dido vê que Eneias escapa do leito. E esses versos dizem assim "Já a nova Aurora saltara do leito do cróceo Titono para a luz bela espargir pelo mundo e de cores orná-lo". Aurora é casada com Titono. Virgílio faz um jogo de imagens: assim como a aurora se levanta do leito, deixa o companheiro para iluminar o mundo, Eneias parte para fundar Roma e deixa Dido.

pág 86, verso 622:  "jamais aproxime os povos imigos".
Os povos inimigos são de Cartago e Roma. Aqui, tem uma etiologia: explica algo histórico a partir de um mito. Roma e Cartago lutaram num período que se arrastou de 264 a 241 aC. Estamos muito depois dessa guerra. Lembro que Virgílio é do séc VIII aC. 


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