Tijolo
areia
andaime
água
tijolo.
O canto dos homens trabalhando trabalhando
mais perto do céu
cada vez mais perto
mais
- a torre.
E nos domingos a litania dos perdões, o murmúrio das invocações.
O padre que fala do inferno
sem nunca ter ido lá.
Pernas de seda ajoelham mostrando os geolhos.
Um sino canta a saudade de qualquer coisa sabida e já esquecida.
A manhã pintou-se de azul.
No adro ficou o ateu,
no alto fica Deus.
Domingo...
Bem bão! Bem bão!
Os serafins, no meio, entoam quirieleisão.
Análise:
- "Tijolo
areia
andaime
água
tijolo."
- "pernas de seda ajoelham mostrando geolhos" (joelhos): aqui, tem-se a ideia de meninos jovens olhando as pernas das mulheres que se ajoelham. É uma sensualidade inocente. Como se eles ficassem atentos para esse momento.
- "um sino canta a saudade de qualquer coisa sabida e já esquecida": aqui, pode-se ter uma ideia de cidade pequena...um sino batendo, e tudo mais.
- "a manhã pintou-se de azul" : o verbo pintar é usado, trazendo a ideia de construção de novo.
- "No adro ficou o ateu
no alto fica Deus"
note que aqui há um espelhamento das palavras. O espelhamento de Deus e o ateu. Aqui também tem-se a ideia de um cidadezinha pura, pequena, porque até quem não acredita em Deus, vai até a igreja esperar o pessoal sair, dando uma ideia de que todos vão à igreja, ou pelo menos a maioria das pessoas. - "bem bão! bem bão!" : sonoridade semelhante ao som produzido pelo sino.
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