quarta-feira, 8 de maio de 2013

Aristóteles e suas classificações

A primeira postagem diz respeito à poesia épica e sua caracterização na poética de Aristóteles. O gênero épico é aquele que canta os feitos heroicos dos varões, e é escrito em hexâmetro datílico. O grande modelo épico, e um dos mais conhecidos, é Homero, que escreveu Ilíada e Odisseia. A primeira, canta a guerra, e a segunda, o regresso do guerreiro Odisseu para sua pátria, Ítaca. Para Aristóteles, a poesia só é poesia porque fala de ação (na Odisseia por exemplo, a ação é a volta de Odisseu). As artes se exprimem de diferentes formas, seja por ritmo, harmonia, imagens, mas a epopeia recorre ao simples verbo.
Meios para diferenciar os gêneros: meios, modos e objetos.
  • meio
    -palavra (epopeia)
    -harmonia
    -ritmo (dançarinos)
  • modos
    -narrativo (simples ou misto)
    -dramático
  • objetos:
    -homens superiores a nós
    -homens iguais a nós
    -homens inferiores a nós

    obs: ao tratar de homens superiores, como os deuses, não necessariamente faz-se um hino, um louvor. Os deuses, em várias ocasiões são retratados com vícios, ou fazem parte de cenas cômicas (que são consideradas cenas baixas, por fazerem parte da comédia). Ou seja, o gênero de elocução (que é a classificação da poesia, etc) é elevado, baixo ou médio, não por causa de quem se representa, e sim, por como se representa. Mais pra frente, ao analisar cantos específicos da Odisseia, isso será mostrado com mais detalhes. O importante é saber que não há uma classificação fixa para os personagens, eles são classificados dependendo de como são retratados. Ainda falando em gêneros de elocução, existe classificação de alguns gêneros genéricos, por exemplo: 
  • filosofia: baixa 
  • poesia: elevada 
  • oratória: média
Lembro que dentro da poesia existem poesias baixas, médias, elevadas... porque cada autor foca em determinados pontos. Alguns fazem uma poesia cômica, alguns fazem satírica (conhecida como iâmbica), outros fazem lírica (que também é considerada baixa), e por aí vai.
Aristóteles cita a importância do ornato. O ornato é como se fossem recursos de "embelezamento". Um desses recursos é o corte de palavras. Então, por exemplo, na Odisseia, em vez de dizer inimigo, usa-se imigo. Por essa elaboração das palavras, o discurso se afasta da fala cotidiana.

Um dos pontos mais importantes, é que o mito (a trama), deve ser una. O que é uno, então? A poesia é una quando as partes que a compõe possuem ligação de tal forma que se você inverter a ordem, mudar uma parte de lugar, tudo muda também. Uma parte sucede outra por necessidade.
Depois, ele fala sobre a superioridade da poesia em relação à história. A primeira diz fatos que poderiam suceder, e a segunda, que sucederam. Para ele, a poesia é algo mais filosófico e sério do que a história, porque se refere ao universal, e a história, ao particular. Tentarei explicar o que é "universal" e o que é "particular".  É o seguinte:

Eneias para a poesia: Eneias é uma ideia. É um varão, que cumpre as obrigações com a família e os deuses (o piedoso Eneias = aquele que cumpre seus deveres. Veremos isso mais pra frente).
Eneias para a história: Enéias pra história é como a pessoa física. Carne e osso. Não é uma ideia, um conjunto de valores, etc.

Aristóteles fala ainda do reconhecimento (o reconhecimento é quando o personagem se reconhece em alguma situação ou lugar, ou se alguém o reconhece de alguma maneira).

Essas são as partes mais importantes da poética de Aristóteles, e alguns exemplos de como algumas características se aplicam na Ilíada e Odisseia.

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