Calímaco foi um poeta helenístico. Escreveu que "um livro é um grande mal", o que carrega tanto a informação da composição em livros, quanto a ideia de que brevidade é uma virtude do poeta. Ele mesmo escreveu um livro de iambos. Logo no primeiro iambo, ele usa a fábula dos sete sábios, já utilizada por Hipônax. Porém, ele usa uma versão diferente do mito, mais desconhecida, provando assim que não só ele conhece a tradição iâmbica, como também conhece o mito. Apesar de Hipônax ser seu modelo maior, Calímaco faz utilização de fábula no segundo iambo, que é uma característica marcante de Arquíloco. Isso mostra a mistura de poetas em sua composição, presente fortemente no helenismo, além de acrescentar em seu livro de iambos poemas etiológicos e epinícios. Um grande exemplo dessa mistura é a própria Eneida, que no canto IV, misturou diversos gêneros como a tragédia, elegia, epigrama, mélico. Voltando ao seu primeiro iambo, Calímaco diz que "não cantará a luta contra Búpalo", ou seja, não fará uma poesia tão agressiva. E isso é evidenciado ao longo de seu livro: ele começa com invectiva, passa para conselho, depois faz um elogio oblíquo, e depois faz um louvor propriamente dito. Isto tem relação com a composição doce e leve do helenismo, que pode ser exemplificada com Apolônio de Rodes, que deu uma dimensão maior ao amor na epopeia ao cantar os amores de Jasão e Medeia. Calímaco parecia prever as críticas que surgiriam, por isso elaborou o 13º iambo como se fosse uma defesa, dizendo que nada daquilo que compõe é original, que apenas imita. Diz que se inspirou em Íon, que compôs tragédia, elegia, comédia, e outros gêneros. Calímaco é um típico poeta helenístico, é versátil. Ele transforma qualquer matéria em poesia, e isso nos faz recuperar a ideia dos helenísticos que compunham sobre agricultura, astros, com o seguinte argumento: o verdadeiro poeta não é aquele que compõe sobre temas naturalmente poéticos, e sim aquele que transforma em poesia os temas que não são.
-Livro de Calímaco: a primeira parte em coliambos, monométrica. A segunda, com variedade de metros.
*Há divergência sobre quantos poemas havia no livro de Calímaco. Alguns dizem 17, alguns dizem 13.
De qualquer forma, no 14º poema do livro, o metro usado é o hendecassílabo falécio.
Catulo toma Calímaco como modelo, e sempre que se referir a iâmbos, usará esse tipo de metro, para mostrar que seu modelo é ele, e não Hipônax nem Arquíloco.
-Seu livro também foi dividido em duas partes: a primeira, com multiplicidade de metros, a segunda, em dístico elegíaco. Para reforçar a ideia de Calímaco como modelo, ele usa a expressão "poemas de Batíada" tanto no início quanto no fim da segunda parte de seu livro, enfatizando sua influência.
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